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As duas meninas
crônica [ ]

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por [luvieira ]

2010-04-14  |     | 



Ambas são magras, sendo que uma é magricela. Possuem a mesma altura. Ou quase. São morenas e têm cabelos longos. Usam biquínis. Uma de cor laranja e a outra, lilás. Irmãs? Não sei. Idade? Talvez 8 ou 9 anos. Estão na praia da Daniela, de águas tranqüilas, em Floripa. Eu também.

Quando meu olhar se dirige pela primeira vez para as duas meninas, elas estão saindo do mar. Uma mulher diz alguma coisa a elas. Pode ser a mãe delas ou de uma delas. Ou a tia. Ou uma amiga mais velha. As garotas vão para a areia e sentam na toalha estendida no chão. O sol está indo embora. Elas sentem frio e se protegem com roupas ou toalhas que não consegui identificar. Não gostam de ficar paradas.

Estou sentada numa cadeira na areia e conversando com os meus amigos. Muita gente foi embora. Às vezes, olho para as meninas, pois a mulher sumiu. Não consigo ver outro responsável por elas. Olho para aqueles que tomam banho de mar e tento descobrir se um deles é o responsável. Provavelmente a mulher havia dito que eram para elas esperarem ali, enquanto ia dar uma saída. Coitadas. Esperar, esperar e esperar.

De repente, as meninas se levantam e começam a desenhar na areia usando as mãos, os pés ou um pedaço de madeira ou uma conchinha. Fazem círculos, retas e linhas de diversos traçados. Param. Andam em cima dos traçados que desenharam. Uma distração interessante. Criaram caminhos. Apesar do sol se pondo, ainda uso óculos escuros. Assim, posso observá-las melhor sem elas se sentirem incomodadas.

Depois de andar por todos os caminhos que existiam, elas desenham de novo. Mais caminhos. E repetem várias vezes: desenham e depois andam. Em um determinado momento, elas estão perto de mim. Quando me veem, dou um largo sorriso. Elas fazem o mesmo. Não falo nada, pois estou sem os meus aparelhos auditivos. Havia tomado banho de mar e não podia colocá-los logo. Somente quando as minhas orelhas ficassem bem sequinhas. Elas continuam absortas na brincadeira.

Hora de ir embora. Arrumamos as coisas. Não esquecemos de nada na praia. Vamos indo em direção onde se encontrava estacionado o carro. Olho pela última vez para as duas meninas. “Adeus. Que Deus abençoe vocês. Que sejam boas e felizes. Que tenham pais maravilhosos. Curtam bem a infância”.

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