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Das origens do \"Novo Sermão da Mãetonha\"
crônica [ ]

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por [Duquinho ]

2010-02-08  |     | 



DAS ORIGENS DO “NOVO SERMÃO DA MÃETONHA”

Antonio Carlos Duques

O “Novo Sermão da Mãetonha” é inspiração satírica e debochada de um discurso que chegou à planície dos homens comuns na forma de letras mortas. O primeiro Sermão, o da Montanha, foi falado principalmente a pescadores, os da galileia, como pano de fundo uma multidão carente de pão, peixe e vinho.
“Eis um artista como os aprecio. É modesto em suas necessidades: requer, em suma, somente duas coisas. Seu pão e sua arte - panem et Circen... Nietzsche.
Quero mais que isso, quero demolir o discurso do passado, e alguns discursos do presente.
Este "Novo Sermão" foi inspirado por pescadores que demoliram discursos e fudaram uma nova geopolitica no Recife.

BRASILIA TEIMOSA
Brasília Teimosa é um bairro do Recife, capital do estado de Pernambuco, nordeste brasileiro, Um bairro de pobres, forjado pelos pobres em lutas solidárias em que se opunham sistematicamente ao poder estabelecido daí seu nome, de “Teimosa”, e Brasilia em homenagem a construção da capital do País. Ele surgiu de um aterramento feito na ditadura de Getúlio Vargas em 1936. É um triangulo de 24 km, habitado atualmente por 26 mil pessoas. Avança para o norte, tendo ao leste o Oceano Atlântico, e a oste o rio Capibaribe.

Os pescadores invadiam e ocupavam o local, construíam suas moradias, e à noite eram expulsos pela polícia.

Quando o bairro cresceu e se impôs, as reivindicações da comunidade eram submetidas a plebiscito, as eleições em disputadas em empura-empurra, nas filas, rua por rua, todas elas com nomes dos peixes que seus pescadores traziam. O fenômeno de participação e solidariedade comunitária bate de longe a ágora ateniense e os cantões suíços. E aguarda a democracia digital...
Em 1956, oito pescadores, liderados pelo Seu Salviano, no dia 25 de Dezembro, em jangadas artesanais simples, saíram da Colonia Z1, o ovo de Brasilia Teimosa, e marearam até o Rio de Janeiro, percorrendo a maioria da costa de um País continental, sendo recebidos pelo então Presidente Juscelino Kubistcheck, que à época construía a capital do Brasil, Brasilia.
A travessia é atualmente inimaginável, a distância, os perigos, sem pontos de apoio ou orientação, sem GPS, sem cartas de navegação, sem bússola, sem gelo, sem suprimentos. Foi um heroísmo que aguarda no silêncio dos pobres, o resgate de sua heroicidade pela historiografia oficial.
Foram ao Presidente pedir melhorias para o bairro, e assim o fizeram com sucesso.
A “Odisseia” de Homero, e “os Lusíadas” de Camões, ao meu entendimento, empalidecem ante o feito. Mas falta-lhe talvez a verdadeira narrativa da epopeia. Repetiram a saga heroica de dois pescadores do Pina, bairro vizinho que ancorou os Holandeses na invasão de Maurício de Nassau. Durante a madrugada, partindo em jangada semelhante, incendiaram dois navios holandeses, à época a maior potencia militar do planeta.
Hoje, grandes capitais planejam construir alí um grande resort...
Costumo, em momentos de severo ensimesmamento, acreditar que em nossas vidas pessoais, precisávamos refazer os caminhos dos jangadeiros de Brasilia Teimosa e do Pina. E por que não em nossas vidas comunitárias, nacional e planetária. Em meio a dificuldades inenarráveis, chegar à meta dos sonhos, sem calculo de custos. Eficácia pura.

2006

Um dia, sonhei com um grupo um projeto de sustentabilidade para Brasilia Teimosa. Há décadas encantara-me com o pedaço atravessando o cais José Estelita, de onde contemplamos uma maravilha ímpar da natureza. A beleza incomparável de Brasilia Teimosa. O sol nasce a uma centena de metros a leste, e se põe a uma centena de metros a oeste.
Conhecemos tudo e todos. Suas lideranças, seus pescadores, comerciantes, suas meninas sorridentes e sensuais, os rapagões desenvoltos, suas centenas de bares, suas madrugadas fervilhantes, um povo respeitoso onde andávamos noites à fim, celular à mão. Mais isto é outra história....a historia de um projeto que um dia nascerá, nem que seja para preservar a memoria de seu patrimônio espiritual.

Uma tarde estávamos, eu e um grupo de pescadores, reunidos no Bar do Zé, dos mais famosos e tradicionais, à linda beira-mar. Seu Jonas, uma figura mitológica do bairro ao meu lado. O barzinho serve um caldinho de lagosta enorme, com pedaços do crustáceo pescado no mesmo dia, a preço ínfimo, a cortesia irmã acolhedora dos que que se nutrem do sofrimento e da esperança.
Muitos me apelidavam de “Tonho”, abreviativo masculino de Antonio. Mas quando tomo generosas doses de álcool, surge-me lá dos oceanos do inconsciente, um lado feminino sob a forma de uma mãe lésbica e generosa. Os amigos às gargalhadas um dia proclamaram e assim foi ficando “chegou a Mãetonha”. Essa mãe também é poeta. É a tal “Menina” dos meus poemas.
Em meio à farra, havia um pescador taciturno, silencioso, já muito embriagado. À certa altura bradou para silencio de todos: “Vivam os loucos, porque os bons querem destruir a terra”. Fiquei sem respiração. Inda deu para pedir que repetisse. Jamais esquecerei aquele olhar cúmplice e aquele sorriso empático, dentes à falta. Repetiu e repetiu. Feliz de se sentir entendido. Naquele instante, o poema brilhou, e pedi caneta e papel.
Escrevi cantarolando “Figthing Spirit”, bônus track da Confession on a dancefloor de Madonna, onde há um verso em que diz “Os que não têm um lugar para chamar de seu”, exortando no estribilho, “mantenha o espírito de combate do amor”.
Anos após, consumado o fracasso da conferencia do clima na Dinamarca, “O Novo Sermão da Mãetonha” era uma luva tecida por inspiração de um herói de Brasilia Teimosa, que lhe caía perfeito da mão de ferro em brasa . Vejo-o agora como um Panfleto da sustentabilidade e da solidariedade universal, uma ode aos esquecidos e humilhados, mas também um martelo na bigorna dos preconceituosos, dos que vivem a olhar apenas os retrovisores. Isso mesmo que Brasilia Teimosa escreveu com sua história. Apenas, mediunicamente, passei-a ao papel...









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