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■ A 8th Bienal do Douro sem limites
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- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2009-10-04 | |
http://deutsch.agonia.netEntabulação marítima
É tarde, me sento sobre as raízes de uma amendoeira no litoral de mim mesmo, vejo a enseada apontando o movimento do tempo inchado pelas vontades. Quem às teve? Puderam às ter? O suborno que a vida em sociedade obriga-nos a sustentar, as manchas do sangue de nossos ancestrais lançando à baila imagens, encharcadas nos fins políticos de todas as nossas observações intencionadas, e ainda sim, calamos. Sobre a areia branca de um singular sentimento me indago: Qual a dívida federativa dessa nação com países africanos? As ondas me trazem uma concha rosada, e logo um rádio ao longe atenta uma batucada, comem ao meu lado fartamente e fumam o alívio das gerações. De certo, milhas á dentro em mar extra-territorial o espírito de liberdade, pensa sobranceiro na imaginação globalizada que veículos empregam, em qualquer fronteira para o gozo de alguns privilegiados. Tenho tempo, a água potável me alivia o calor, meus pés hidratados que se familiarizam com as areias da praia, procuram o conforto e deveras um tesouro esquecido nessa terra que riquezas pousou, e aí? O que se há de engenharia humana e social? Alguns fatores me reportam, mexo nos cabelos esperando uma resposta pronta, ali agora que uma mulher com um menino de colo me pedem um trocado. Essa esmola é divida minha, eu que li a geopolítica e a sociologia, apliquei o direito mecanicamente e afoito, e onde vai a expectativa de minha boa vontade? Permaneço ali, uma embarcação com bandeira da África do Sul se aproxima buscando o porto de Paraty, enormes contâiners trazem na linhagem de seus operadores navais a superação e a vitória, os quero-queros gorjeiam asperamente em direção às palmeira enquanto matilhas de cães, uniformizadas por fantasmas de corsários vagueiam pelas pedras cansadas do tempo rua a rua, chegam os heróis descendentes do levante de Soweto, mas nem tão livres, pois o mercado, aprisiona-os. Em terra, procuram matar a sede, extorquem o sexo com adulações e recostam as negras testas no mármore do chafariz antigo, beijam os copos com violência e acendem o cigarro com euforia. Eis ali um único mundo, apenas um povo golpeado pelos mesmo costumes, portando os parentes objetos de uma só realidade que se vê em outro país, é a escolha, o destino, a vida. Pareço com um personagem solitário que tem a missão de ser vigilante, desconhecendo a mim mesmo e a herança que comigo carrego, o caís leva a todos à igreja que lá permanece a bons anos, e eu observo a todos conhecendo ânsias e desejos, experimentando bebidas e dores. De repente quero ter aquela negra pele, talvez também ir lá beber aquela água sem saber, desembarcar meus sonhos nos caminhões basculantes, e pedir que me expliquem quando Luis Pedreira eregiu tal monumento, ou o que Mandela fazia durante tanto tempo na Ilha Roben na delação da injustiça, como queria. Mas as tardes passam, e as vagas apenas deixam saudade e sal, descubro que o sul africano nos vende seu trabalho digno, e nos consumimos sua história de martírio e resistência no passado e no hoje. Quando a escuridão da noite me perde o horizonte, deixo essa raiz para que outro mulato brasileiro como eu, atente as correntes marítimas em qualquer sentimento de alívio, ou de amargura. /
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