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- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2009-12-14 | |
MUSICAIS
Antonio Carlos Duques 10.06.08 Sonhei que perdia meus instrumentos musicais, Acordei procurando-os em outros sonhos, Me visitei como nunca bem dentro do peito, Encontrei todas as canções que um dia sonhei compor. Não havia mistério nem sonhos nas canções, Rios de lágrimas e sangue de todos os tempos, Corriam à minha frente, vindo do fundo das eras, Um mar de mãos em súplicas eram assim lavadas. Todas as gentes de todos os tempos pareciam reunidas, Como se fossem um só, e solitário. E sua boca repetia o refrão de todas as letras sagradas, "Amor e Liberdade! Amor e Liberdade!" Acordei, acordei para mais noites sem luas, Longas noites que pareciam não esperar auroras. Mas os ventos gelados traziam notas espaciais, Das musicas e canções dos sonhos de todos os tempos! Musicais II Tentei escrever as canções de todos os tempos, Precisava das mãos de todas as gentes, Mas não cabiam tantas letras sagradas, Em tantas mãos lavadas em lágrimas e sangue. As sombras das eras de opressões sem fim, Dormiram a todos, esquecidos de si mesmos, E não haviam mais rios, nem sois, nem luas, Meus joelhos repousaram em chãos vazios. Ah! meus vinte anos para que pudesse fugir! Mas dos cabelos brancos nasceram combates! Sementes de vidas a todos os mundos, A todos reunir em círculos de coragem. Eis que chega a aurora, doce e leve aurora, Reunindo todas as bocas num único beijo, Todos os braços num único abraço, Cantando as canções de amor e os sonhos de liberdade. MUSICAIS III Enfim, eis que chega a tão sonhada Aurora, Ressurgem os sois, as luas, os chãos estão cobertos de verde, Os rios lavados pelo sangue e pelas lágrimas, Acolhem meus joelhos e aí abraço o mundo. As raposas fugiram das vinhas, foram-se as opressões, Palavras sagradas ecoam em todos os espaços, Todas as vozes livres a cantar os sonhos de todas as eras, Amor e liberdade! Amor e Liberdade! Doce e suave Aurora, que seria de Tu, Se não fossemos nós a quem iluminas, Nossos beijos e abraços eternos? Todos despertos! A noite desfez-se em si mesma! Agora, o Universo é nossa e única morada, A Humanidade, nossa e única família, Não há mais súplicas nem mãos atadas, Enfim, reencontro meus instrumentos musicais. Agora concluo o ciclo dos musicais. Eles brotaram da fome, do abandono, dos suplícios secretos impronunciáveis de uma alma essencialmente inquieta. Há dentro de mim uma menina que me sussurra amores sem fim. Mas também combates. Pois que não há amor sem combate, e o combate sem amor mera tolice humana. A isso chamo de liberdade. Que os Musicais, possam ser uma pedra desta longa escada que um dia nos torne verdadeiramente livres. A.C. Postado também no Blog do Escritor Waldir Amorim, no link abaixo: http://poesiaecompanhia.blogspot.com/2008/06/musicais-um-precioso-poema-de-antnio.html
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