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- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2010-05-31 | |
ERGUER-SE (*)
Antônio Carlos Duques Erguer-se suave como um sopro de criança, Erguer sua cabeça de pólen de flores! Um silencio alvíssimo por dentro, Um crepúsculo gótico e abissal por fora, Olhos úmidos de gratidão como que vê, Tranquilas mortalidades, realidades nuas como um animal! Erguer-se suave como um sopro de criança, Erguer sua cabeça de pólen de flores! O sonho é mais completo que a realidade, quando vê-se em si, Em todo ao redor dos mundos, em tudo, Tanto mais além do conhecido, Tanta coisa silenciosa, Missão secreta da vida, reabrir o coração selvagem, Uma flor selvagem, uma flor selvagem. Erguer-se suave como um sopro de criança, Erguer sua cabeça de pólen de flores! Pois seguro Mãos Desconhecidas, Não há suplícios espantosos da mudez, Nem angústias disfarçadas do Grande Medo, Ninguém teme a mais ninguém, Então beijemo-nos, beijemo-nos todos, Com gosto de lágrimas adocicadas. Erguer-se suave como um sopro de criança, Erguer sua cabeça de pólen de flores! Saber que a desistência é a única revelação, Que importa como um pão, como um amor sem malogros, Desistir das armaduras, duras, duras, Das fronteiras sem eiras, sem eiras, Sem outro segredo, Que a senha secreta da vida! Erguer-se suave como um sopro de criança, Erguer sua cabeça de pólen de flores! *) Ressuscitei Clarisse Lispector, minha maior paixão gloriosa, passeando nas mesmas calçadas que trilhou menininha no Recife Amado. Beijo-a nesta homenagem de pólen de flores. Foram as mesmas calçadas de Augusto dos Anjos, Orley Mesquita e Erickson Luna? Creio firmemente que sim. Todas conduzem aos mundos infinitos. Ressuscitei minha irmã Maria Duques, que nos seus últimos dias reabriu o coração a estes mundos. Quero ressuscitar todos que caminham nos vales de Sombras da Morte em que nos transmutamos. Particularmente meu filho Haven. À ele as bênçãos de Moacyr Uchôa, nosso Mestre Maior, o primeiro a quem deu-se aos braços!
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